Tenho dois gurus na minha vida de empreendedor: Ricardo Semler e Max Gehringer.
Ricardo é autor de dois livros que considero fundamentais para qualquer pessoa que pense em fundar, administrar ou participar de uma empresa. “Virando a própria mesa – Uma história de sucesso made in Brazil” pega pesado num tema importante num País como o nosso: a empresa familiar.
Semler era o suposto herdeiro de uma empresa que, para o gosto dele, era administrada de maneira errada. O velho Semler, claro, custava a crer que, às vésperas da aposentadoria, teria que ir pra casa e entregar sua querida empresa para um garoto então com fartos cabelos compridos. As negociações para a aposentadoria do pai são relatadas de uma maneira que deixa o leitor na ponta da página.
Encurtando a história: Ricardo fez da Semco um pequeno império e nele incutiu uma política que todos diziam ser loucura. Mas que deu certo. Deu tão certo, tão certo, que ele escreveu “Você está louco! Uma vida administrada de outra forma” em que faz o balanço dos vinte anos do “Virando...”.
E pra você não achar que o Ricardo é pouca porcaria, lá vai um resumo de quem ele é: foi eleito “Líder de Negócios do Ano” e “Homem de Negócios da América Latina” pela revista “America Economy”, do Wall Street Journal, em 1990 e 1992. É pós-graduado em Administração de Empresas pelo Harvard Business School e consultor requisitado de empresas como GM, Discovery Channel e NASA. É bom ou quer mais?
O Max Gehringer talvez você tenha conhecido das apresentações no Fantástico, que eu soube mas não vejo, por literal ojeriza ao formato do programa. Ele é pós-graduado em Administração pela FGV. Foi presidente de Pepsi-Cola e a Pullman/Santista, diretor comercial e industrial da Elma Chips e diretor de sistemas da Frito Lay nos Estados Unidos). É comentarista da Rádio CBN e articulista da Revista Época. Em 1999, foi escolhido, em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil, como um dos "30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado”. Seus livros, assim como seus comentários e textos na imprensa, são sensacionais. E, como se não bastasse, fala de futebol com uma categoria de
um Didi matando a criança no peito e colocando, macia, no gramado.
O que eu gosto no Max é que ele não deixa pedra sobre pedra. O que é, é. O que não é, não é, lamento, e toca o barco. Quem manda para ele uma pergunta questionando por que a empresa em que está empregado não o trata com o devido reconhecimento, corre o risco de ouvir uma resposta que não queria. Porque ele não alisa.
Essa churumela é para lhes dizer, nessa primeira intervenção no site do meu amigo Wilson Santos, que eu considero que treinamento é fundamental em tudo na vida de um trabalhador. Seja um simples operário, seja um alto executivo.
Se a gente tem um trabalho a ser desenvolvido, deve fazê-lo com aplicação e qualidade, no tempo certo e, quando pago, a um custo compatível e previamente combinado.
Isso vale também para as empresas que contratam mão-de-obra não qualificada e, coitada, a colocam às feras sem qualquer treinamento. Isso vale para a caixa do supermercado, da loja de departamentos, de qualquer lugar aonde a gente perceba que aquela figura está ali porque precisa mas que não foi treinada para aquilo.
Deveria fazer parte integrante de qualquer contrato de trabalho a pré-qualificação das pessoas, inclusive no relacionamento com os clientes. Estamos no Brasil, um País ainda em formação, muito novinho nos seus quinhentos e poucos anos de existência. Há muito o que fazer. E muito espaço para desenvolvermos um trabalho sério, limpo e honesto.
Se a gente está do lado de cá do balcão, deve pedir treinamento, informações de como proceder, instruções de comportamento no serviço. E se está do lado de lá, deveria ter consciência de quanto isso é fundamental para o crescimento do seu negócio, mas também para o desenvolvimento daquela pessoa que trabalha para você.
Cesar Oliveira
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Maio 2017
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